Comparativo
Um dos pioneiros no estudo das vilas e cidades do Brasil Colônia, Reis Filho demonstra em sua tese uma perspectiva diferente em relação aos fatos até então tratados por Sergio Buarque, como uma análise sem grandes vínculos com o fato histórico. Buarque afirmava em seu livro “Raízes do Brasil” que os portugueses eram desleixados e que as vilas seguiam um traçado medieval. Dizia que “a cidade que os portugueses construíram no Brasil não é produto de uma reflexão, nem ela contradiz a conformação natural do terreno. [...] (ela não tem) nenhum rigor, nenhuma metodologia, nenhuma previsão.”
Contrapondo esta posição, Reis Filho se aprofundou nos estudos das vilas e verificou que elas possuíam certa regularidade, mas que esse desenho regular também dependia fortemente de determinações e interesses sócio-politicos.
As primeiras décadas da colonização brasileira foram marcadas por uma atuação indireta portuguesa no efetivo desenvolvimento da colônia, dado o melhor retorno representado pelo comercio com as Índias. A fundação de vilas foi uma das atribuições transferidas para os donatários. Com a necessidade de centralização de controle, a partir da criação de um Governo Geral, em 1548, foi iniciada uma nova política colonizadora paralelamente ao sistema privado das capitanias hereditárias, pouco eficiente nos resultados alcançados. Com isso, surge uma verdadeira rede de cidades reais, as chamadas “cabeça de região”. O contraste entre as cidades desses dois momentos comprova a tese de Nestor Goulart Reis Filho de que “a política de urbanização faz parte da política de colonização”, é uma etapa do processo colonizador. Sua tese é considerada um marco, modificando o tratamento