Como a Lua - Roteiro
Escuridão.
Fita rodando com música circense (tema I, tom menor). Ao longe, vozes de crianças, borburinho e gargalhadas.
Narrador - (na fita, em off) Era no começo do mundo. Os bichos falavam, os homens eram índios, as crianças curumins e tudo era uma grande mata. Payá descobriu o amor em Colom: a índia mais bela que seus olhos puderam ver. Mas quis Rudá, o Deus do Amor, brincar com o coração do pobre índio apaixonado. E a cada manhã que nascia, tornava-a mais bela. E a cada sol que se punha, mais indiferente aos sentimentos dele.
Música vai diminuindo e um foco de luz vai iluminando Payá, sentado no centro do palco.
Lua crescente.
Payá era um índio feio. Não era bravo guerreiro nem bom caçador. Tinhas olhos rasgados, andar de patureba, cabeça de mutum. Um cheiro ardido de raiz de palmeira e um sorriso bonito a não combinar. Tinha uns “pezão” largo e grande. Os braços então, feito uma figueirinha que, de seca, vive quebra-não- quebra. Mas seu coração e seus pensamentos seriam capazes de clarear um pedaço do céu - se uma estrela cadente o permitisse - de tanta limpidez e pureza que tinham.
Amava Colom, a índia bonita, como amor nenhum ainda havia existido ali.
Payá - (consigo mesmo) Colom... Ah! Colom, eu não sei falar de amor. (pausa) Eu só sei gostar