Comissao Nac. da Verdade

I. A COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE.

A Comissão Nacional da Verdade foi instituída no ano de 2012, e tem por finalidade investigar e tornar públicas as violações aos Direitos Humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre os anos de 1946 e 1985, dando um destaque maior ao período de 1964 – 1985, que corresponde à época do Regime Militar. Através da análise de documentos, da busca por arquivos ainda não localizados dos órgãos de segurança, de depoimentos de colaboradores do regime, vítimas e testemunhas, entre outros, a ação da CNV, segundo a mesma, também tem por finalidade a garantia da memória, para que o ocorrido não se repita, e da verdade.

A CNV, em seu processo de investigação, ao utilizar também a tomada de depoimentos como fonte histórica e defender seu uso, alegando que apenas os documentos não são suficientes para a reconstrução histórica do contexto e das práticas do regime, nos remete às ideias de Marc Bloch, que diz que “tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica que toca pode e deve informar sobre ele” (Bloch, 2002, p.79), diferente dos historiadores positivistas do século XIX, que defendiam apenas o uso de documentos oficiais como fonte histórica.

Ao tentar trazer à tona o “outro lado da história”, o trabalho da Comissão Nacional da Verdade acaba gerando algumas questões. Primeiramente, a composição da Comissão. A ANPUH (Associação Brasileira de História) defende a participação de historiadores profissionais entre os membros da CNV, argumentando que a memória sempre vem carregada de reações emotivas, e é necessário que as lembranças sejam compreendidas através da História, pois apesar do historiador nunca posicionar-se imparcialmente, pois normalmente trabalha com o Modelo Interacionista, que enfatiza a atuação do sujeito e objeto um sobre o outro, ele desenvolveu ao longo de sua formação certas habilidades críticas e de interpretação. Sendo assim, segundo a ANPUH, o historiador formularia questões menos emocionais, e mais guiadas por