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A INVENÇÃO DO RACISMO
A diversidade cultural, em seus vários aspectos, é facilmente percebida quando povos distintos se encontram e passam a se perceberem como diferentes. E esses aspectos, de cunho cultural, religioso, social e mesmo físico, muitas vezes são vistos como pontos à justificarem o sentimento de superioridade de alguns povos para com outros. Esses aspectos podem ser notados nas teorias racistas que surgiram na Europa, principalmente a partir do século XIX, que procuravam “justificar” uma suposta superioridade da “raça” ariana em relação a outros seres humanos. Essas teorias não se restringiram a Europa e nem foram homogêneas nas análises das diferenças entre os povos, chegando mesmo ao Brasil e se adaptando a formas distintas de se pensarem a sociedade através de abordagens feitas por intelectuais brasileiros.
O contato entre povos diversos durante e depois das chamadas Grandes Navegações, levaram a uma percepção mais forte das diferenças. Na “Europa Moderna” várias foram as teorias que procuraram definir essas diferenças. No século XVIII a teoria humanista de Rousseau definiu a espécie humana como única e capaz de se “evoluir” a “uma possível “perfectibilidade””(SCHWARCZ, 1993, 44). E, por serem livres para resistir ou aceitar as evoluções, esses povos se encontram em diferentes “estados evolutivos”. Apesar de considerar o homem americano como primitivo (primeiro), ou seja, menos evoluídos que o europeu, Rousseau “o elegia como moralmente superior” (Idem, 45), ou seja, a “evolução social” pela qual passa os povos acabou por corromper os seres humanos, tornando-se ambígua essa noção de capacidade humana de se aperfeiçoar, pois que evolução seria essa que torna o homem moralmente inferior?
Mas essa teoria racial, que denominava o americano como um “bom selvagem”, não foi a única na Europa e passou a perder força com o surgimento de novas idéias onde a imagem do americano era vista de forma mais negativista. Schwarcz dá destaque a