COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO “SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL”, DE JOHN LOCKE
Nome: Jeferson Prado
Uma leitura atenta da obra de Locke nos revela que o autor estava, em boa parte do tempo, com os escritos de Hobbes, de quem em muito discordava de suas concepções políticas, em mente. De fato, Locke parece escrever indiretas à Hobbes o tempo todo, embora não cite seu nome em nenhuma parte do texto, como segue em alguns trechos:
Isto revela de maneira evidente que a monarquia absoluta, que alguns homens consideram como a única forma de governo do mundo, é na verdade inconsistente com a sociedade civil, e por isso não poderia constituir de forma alguma um governo civil. (LOCKE, 2001)
Aquele que acha que o poder absoluto purifica o sangue do homem e corrige a baixeza da natureza humana precisa ler a história de nosso século, ou de qualquer outro, para se convencer do contrário. (LOCKE, 2001)
Os fragmentos acima mostram claramente a oposição existente entre o pensamento de Hobbes e Locke. Enquanto o primeiro defende a existência de um rei, de um absoluto no poder responsável pela criação das leis gerais como forma mais eficiente de manter a ordem e garantir a vida, o segundo é radicalmente contra, defendendo uma sociedade civil em que um grupo de homens, com o consentimento da população geral, se unam e formam assim o governo, que irá governar não sob sua própria vontade, mas visando sempre o bem geral da população.
Além disso, Locke tem uma visão interessante sobre o estado de natureza, que também se difere da de Hobbes. Para ele, o estado de natureza não é um estado de guerra como diria o defensor do absolutismo, mas um estado onde os homens gozam de liberdade, igualdade e de poder executivo. Se num primeiro momento isso parece suficiente para a existência humana, o autor argumenta que o estado de natureza, de ausência de sociedade civil, é um estado onde a incerteza reina. O homem está sempre sob ameaça de ataques e invasões de outros à sua