Comentários sobre declaração de Edgar Morin
CENTRO DE TURISMO, ARTE E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – PPJ
Mestrado Profissional
Disciplina: A Construção da Notícia Jornalística
Professor: Dr. Luiz Custódio
Aluna: Wanja Nóbrega Cavalcante
Impressões pessoais sobre a resolução de Ano Novo (1993-1994) do pensador francês Edgar Morin, contida no livro “Um Ano Sísifo - Diário do Fim de Século, da Coleção Diários de Edgar Morin, lançada no Brasil em 2012.
“Entrevistas: recusar todas. Foi uma conversa com Milan Kundera que determinou minha decisão. Quando o chamei para que ele desse uma entrevista a um excelente jornalista brasileiro, ele me declarou: “Entrevistas, jamais, esse é meu dogma”. A palavra me iluminou. Aliás, por que dar entrevistas cujas edições são mal feitas por jornalistas preguiçosos, entrecortadas por frases de sua própria invenção, em uma linguagem deles que nada tem a ver com a minha? Perco horas refazendo tudo para conseguir um resultado necessariamente medíocre: o pensamento e a expressão ficam diluídos ou desnaturados em relação a meus livros”
Buscando não ser influenciada pelo autor da resolução, considero-a arrogante, generalista e injusta para com os profissionais da imprensa, especialmente aqueles dedicados a entrevistas especiais, que não as do cotidiano da atividade jornalística.
Em princípio, a resolução não parece pensada, ponderada e fruto de uma experiência pessoal do autor, uma vez que admite de início que tal resolução surgiu quando tentava convencer o escritor Milan Kundera (que não concedia entrevistas desde 1996, ano da publicação de seu livro “A Arte do Romance”, sob o argumento de que seus romances falam por ele) a conceder entrevista a “a um excelente jornalista brasileiro”. Menos elegante que Kundera no argumento, Morin decidiu compartilhar da mesma determinação e em sua justificativa nivela todos os jornalistas por baixo, chamando-os de “preguiçosos” e demonstrando ainda