Comentário sobre doença versus enfermidade de Cecil Helman
Clínica Geral”, de Cecil G. Helman
Esther Jean Langdon Durante a década de 1970, houve um grande salto na consolidação do campo
(UFSC) da antropologia dedicada aos estudos de saúde. Antes deste período, os poucos estudos utilizando a perspectiva cultural para entender as práticas de saúde foram abordados como exemplos de pensamento primitivo, magia, folclore, superstição, crenças e outras preocupações que circulavam nos debates antropológicos na época de sua formação como disciplina. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e o desenvolvimento da antropologia aplicada, os antropólogos norte-americanos começaram fazer pesquisas de intervenção junto com os projetos de desenvolvimento realizados no terceiro mundo. Eles pesquisavam as práticas de saúde, ideias etiológicas e outros aspectos relevantes, mas a maior parte destes continuava questionar a eficácia das práticas tradicionais e populares na prevenção e na cura da doença. Acreditando que a medicina ocidental era a ciência verdadeira sobre a doença, rotulavam os outros sistemas médicos como sendo fundamentados em princípios não científicos, em superstições e crenças. Muitos dos antropólogos participantes destes projetos de desenvolvimento definiram seu papel como o de identificar as práticas e crenças de saúde de uma comunidade, com os fins de avaliar quais devem ser desencorajadas, por terem efeitos perniciosos na saúde, ou, nos casos mais raros, quais devem ser estimuladas à luz de sua eficácia comprovada pela ciência (Foster e Anderson 1978: 124), afirmando a superioridade da medicina científica ocidental.
Na década de 1960, esta posição começa mudar devido a um grupo de antropólogos, muitos destes médicos com pós-graduação em antropologia, que reconheceram a importância da dimensão simbólica no processo da doença e procuraram desenvolver uma antropologia que contribuiria para a prática clínica.
Preocupado com a crise nos serviços de saúde,