Comentário Psicanálise
A atemporalidade do inconsciente é formulada na ideia de isenção de contradição mútua. Em alguns momentos da história do individuo, a inserção dos traços de memória, não tendo relação entre si e por não haver referência ao tempo, tornam-se inalteráveis. A temporalidade do inconsciente freudiano está relacionada ao tempo verbal do pretérito perfeito, é associado a uma ação que já acontece e que não é possível ser alterada. Freud apresenta que o inconsciente é temporal, desconhece o tempo. O inconsciente para Freud é um passado que insiste em se repetir, indiferente a sucessão temporal.
Mas qual é a referência de tempo aí implicada ao se postular a existência do inconsciente? Existem vestígios de tempo no inconsciente? Será que inexiste qualquer referência a ele? Quando se fala em inconsciente atemporal estamos falando do quê, exatamente? Trata-se de uma conceituação pela negativa? Diz respeito a um fora do tempo – fora de qualquer possibilidade de inscrição temporal – ou fora de um tempo, isto é, fora de um tempo regente entre muitos possíveis? O inconsciente é absolutamente sem tempo ou possui uma temporalidade própria, desviante de todas as outras que encontramos?
Segundo Freud, em sua edição sobre O Inconsciente de 1915, encontra-se a seguinte afirmação:
Os processos do sistema Ics. são intemporais; isto é, não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo; não têm absolutamente qualquer referência ao tempo. A referência ao tempo vincula-se, mais uma vez, ao trabalho do sistema Cs. (FREUD, 1975 [1915], p. 214).
A posteriori, trata-se de experiências vividas, que são reformuladas para surgir novas experiências, impressões e traços de memória. A memória sofre novas modificações com frequência, reconstituindo o passado permanente.
Freud mostra que o individuo modifica a posteriori as representações vividas.
Em 1915 Freud fala sobre a transitoriedade, dois princípios psíquicos