Gabriel Garcia Marques, com toda a sua identidade sul-americana presente em diversas obras, escreve em 1989 talvez o mais sul-americano de todos os seus livros, O General Em Seu Labirinto retrata os últimos dias do general Simón José Antonio de la Santíssima Trinidad Bolívar y Palacios, revelando o interesse do autor pelo tema que mexe tanto com a história e a identidade da América espanhola. Dentre tantos momentos e aspectos de sua vida o autor opta por falar da última viagem que o general fez indo para o exílio, um momento menos explorado da vida de Bolívar e que provavelmente demandou pesquisas históricas por parte de Garcia Marques. O livro se revela uma mistura de fatos reais, apresentados em forma de crônica pelo autor, com toda a ficção que um romance permite, e nesse ambiente de intersecção entre o real e o imaginário, o leitor é levado a por menores do cotidiano de um dos homens mais importantes da América, revelando sua personalidade marcante e toda conjuntura histórica que ele se encontrava. Garcia Marques retrata um homem cansado, doente, afundado em mágoas e desilusões que esta deixando o continente que libertou do colonialismo espanhol e que sonhou unido, constituindo a maior federação de Estados do mundo. “Era o fim. O general Simón Bolívar ia embora para sempre. Tinha arrebatado ao domínio espanhol um império cinco vezes mais vasto que a Europa, tinha comandado vinte anos de guerras para mantê-lo livre e unido, e o tinha governado com pulso firme até a semana anterior, mas na hora da partida não levava sequer o consolo de acreditarem nele. Além de desconsolado Bolívar ainda aparece desacreditado e muitas vezes até odiado por boa parte da população e das elites locais, ao mesmo tempo é ovacionado pelo povo nas cidades que chega e recebe tratamentos dignos de rei. Assim se constitui uma ambigüidade entre a glória e o desprezo, entre o amor e o ódio em torno do polêmico personagem. Ainda em Santa Fé, cidade que morava e que elegera como a