Com quantos paus se faz educação
O artigo desta semana é de César Augusto Dionísio, economista e professor.
“Seja na escola, no manicômio ou no presídio, medir é importante. Há que se garantir o que cada instituição se compromete socialmente a cumprir: alunos instruídos, loucos menos loucos e detentos atentos a não praticar mais o crime.
Neste contexto é que se impõe a questão quantitativa. Imagino a cena e rio: o carcereiro pedindo para que os presos não troquem mais de lugar na cela porque, pela terceira vez, ele perdera a conta. Os assistentes do médico contando várias vezes o mesmo paciente, que troca de peruca e roupa só para confundir a contagem. Ou o professor que insiste em chamar de Renatinho, Joãozinho, Helinho e Juquinha aquele aluno que chama Osvaldo e que odeia apelidos diminutivos.
Números. Quantidade. Tamanho. Jamais imaginei que fosse escrever (e pensar) sobre a Matemática na educação. A necessidade de reflexão me obriga. Para os educadores menos avisados, aqui vai uma sugestão para reflexão: existe, sim, uma engenharia na educação. Classes com superlotação proporcionam, ao menos ao educador mais atento, uma comparação quase imediata aos presídios superlotados. Analisar quantitativamente a educação talvez seja garantir sua eficiência qualitativa.
Aprendi com o professor Mário Sérgio Cortella que três instituições procuram normalizar o homem, ou seja, torná-lo ‘normal’. São elas: a escola, o presídio e o manicômio. Peço licença ao nobre professor para elaborar meu raciocínio: a criança que não vai à escola pode parar no presídio e acaba mandando seus pais para o manicômio.
O preso, em tese, está confinado no presídio para ser educado a ponto de raciocinar criticamente sobre seu ato/crime. Pelo menos deveria ser assim. O aluno, cujo falso crime é apenas não saber, também merece atenção e condições para que o objetivo-mor seja alcançado: educá-lo.
Longe de mim comparar prisão com escola. Ou o contrário. Próximo a mim é imaginar