O aluno da educação inicial
REFLETINDO
SOBRE
A discussão central proposta neste ensaio segue no sentido de problematizar algumas cenas cotidianas colhidas junto a turmas de quarta série do ensino fundamental, no ano de 2008, em três escolas da rede pública e privada da cidade de Porto Alegre/RS. A pretensão é refletir o que essas cenas cotidianas, as marcas corporais e culturais e as falas dos alunos sugerem sobre o modo como esses estudantes vêem a si mesmos, com vistas a perceber e problematizar o fenômeno da juvenilização da cultura no âmbito escolar. Tal preocupação expressa a intenção de questionar a tendência de algumas instituições em definir homogeneamente os sujeitos das primeiras séries do ensino fundamental a partir das culturas da infância e da noção de aluno. Pautadas pela cronologização etária que estrutura o funcionamento escolar, parece estar havendo uma insistência em rotular esses sujeitos como “as crianças”, adotando-se as culturas infantis como traço específico que define a organização do trabalho e o currículo. De outra parte, tendo em vista a constatação de que no contexto contemporâneo a juventude tem se constituído como um modelo cultural desejado por todas as gerações, contribuindo para um movimento de antecipação e prorrogação etária de estilos que caracterizam as culturas juvenis, cabe perguntar: será que os sujeitos das séries iniciais, experimentam apenas elementos das culturas da infância? Se os ícones juvenis se encontram espraiados na sociedade atual de tal forma que sujeitos, independente da idade, desejam parecer e ser jovens, será que os estudantes das séries iniciais são “afetados” de alguma forma por esse contexto? Após estas primeiras aproximações, propõem-se um percurso de escrita que apresenta, inicialmente, algumas considerações a respeito do modo como as instituições escolares vêm definindo, homogeneamente, os