Coesão e coerência
Introdução
A lingüística textual, como ciência da estrutura e do funcionamento dos textos, começou a desenvolver-se na década de 60 na Europa, especialmente na Alemanha.
A origem do termo lingüística textual encontra-se em Cosériu1 embora, no sentido que lhe é atualmente atribuí do, tenha sido empregado pela primeira vez por Weinrich2.
As causas de seu desenvolvimento são, dentre outras, as falhas das gramáticas da frase no tratamento de fenômenos como a referência, a definitivização, as relações entre sentenças não ligadas por conjunções, a ordem das palavras no enunciado, a entoação, a concordância dos tempos verbais, fenômenos estes que só podem ser explicados em termos de texto ou em referência a um contexto situacional.
Assim, o que a legitima é sua capacidade de explicar fenômenos inexplicáveis por meio de uma gramática do enunciado ou, como afirma
Conte (1977, p. 17-8), “é a descontinuidade
1
COSÉRIU, E. 1955. Determinación y entorno. Dos problemas de una lingüística del hablar. Romanistisches Jahrbuch, 7 : 29-54.
2
WEINRICH, H. 1966. Linguistik der Lüge. Heidelberg, Verlag Lambert
Schneider.
6 entre enunciado e texto, já que há uma diferença qualitativa entre ambos (e não meramente quantitativa)”.
Sendo o texto mais do que a soma dos enunciados que o compõem, sua produção e compreensão derivam de uma competência específica do falante — a competência textual.
Chegados a este ponto, algumas questões podem ser colocadas:
O que é competência textual? e o que é texto? do que se constitui e em que se distingue de um conjunto de frases? o que une, por exemplo, um grito isolado -Socorro! a um soneto de Camões e o que separa estes dois textos de um pseudotexto, por exemplo, um léxico?
Todo falante de uma língua tem a capacidade de distinguir um texto coerente de um aglomerado incoerente de enunciados e esta competência é lingüística, em sentido amplo (distingue-se da