Coerência e coesão textual
1 A COERÊNCIA TEXTUAL
É o aspecto que assumem os conceitos e relações subtextuais, em um nível ideativo. A coerência é responsável pelo sentido do texto, envolvendo fatores lógico-semânticos e cognitivos, já que a interpretabilidade do texto depende do conhecimento partilhado entre os interlocutores. Um texto é coerente quando compatível como conhecimento de mundo do receptor. Observar a coerência é interessante, porque permite perceber que um texto não existe em si mesmo, mas sim constrói-se na relação emissor-receptor-mundo.
Diz respeito à ordenação das idéias e dos argumentos. A coerência depende da coesão. Um texto com problemas de coesão terá, provavelmente, problemas de coerência. Vejamos alguns exemplos. a) preposição:
“A ditadura achatou os salários dos professores e tirou matérias importantes no desenvolvimento do jovem”.
Ficaria melhor se fosse utilizada a preposição para: importantes para o desenvolvimento do jovem.
b) pronome relativo: “Os alunos que os pais colaboram são os esquecidos...”
O pronome correto seria cujos: “Os alunos cujos pais colaboram são os esquecidos...” c) conjunção:
“Controlar o país, para muitos governantes, é dar a impressão de que existe democracia. Portanto, se o povo participa, é imediatamente reprimido”.
É evidente que a conjunção, portanto está mal empregada. A idéia que se quer expressar é de oposição e não de conclusão. Logo, a conjunção correta seria no entanto, mas, porém etc.
“Controlar o país, para muitos governantes, é dar a impressão de que existe democracia. Porém, se o povo participa, é imediatamente reprimido”.
Problemas como esses levam a uma falta de coerência na argumentação, já que os conectivos não estabelecem as relações adequadas.
Dos trabalhos que desenvolvem os aspectos da coerência dos textos, o de Charolles (1978) é freqüentemente citado em estudos descritivos e aplicados. Partindo da noção de textualidade apresentada por Beaugrande e Dressier,