Coerentismo e holismo
A segunda é a de que, ao insistir em que a unidade de significação empírica é a totalidadeda ciência , Quine deve estar a admitir que a nossa teoria inteira não sofre a indeterminação que afecta o sentido de enunciados individuais. Parece portanto que, se a unidade de sentido determinado é a totalidade da ciência, deveria haver determinação da tradução a este nível. Mas penso que Quine desejaria insistir, mesmo neste ponto, na indeterminação da tradução. A terceira é a de que o argumento a partirda indeterminação do sentido para a indeterminação da tradução pode parecer menos do que forçoso. Porque haveria o facto de uma proposição não possuir um sentido próprio querer dizer que haverá mais do que uma tradução correcta dela? Por certo que poderíamos continuar a esperar encontrar, para uma proposição cujo sentido é indeterminado, outra cujo sentido indeterminado condiga exactamente com a primeira. Seria, pois, mais convincente estabelecer a indeterminação da tradução directamente e utilizar essa conclusão para escorar argumentos prévios acerca da indeterminação do sentido. Desta forma podemos esperar encontrar argumentos consistentes a favor de um holismo mais total. O próprio Quine apresenta dois argumentos destes, e há um terceiro bem dentro da tradição quineana.
O primeiro é aquele que ele designa por argumento a partir de cima. Este argumento tenta estabelecer a indeterminação da tradução directamente a partir da subdeterminação da teoria pelos dados. Precisamos