Clifford Geertz
Para o autor de A Interpretação das culturas (Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1989) os hábitos de um determinado povo deveriam ser estudados como um todo, onde o etnógrafo deveria não somente analisar um hábito ou um determinado costume de forma rasa e individual, mas entender seu significado e o porquê de cada ação em si a fim de interpretar o todo, sem preconceitos.
Em seu trabalho “Um jogo absorvente: Notas sobre a briga de galos em Bali” o autor começa por assim descrever o quão estranha foi sua recepção na pequena aldeia a qual foi alocado. Diferentemente de outros lugares, onde ele e sua mulher eram recebidos pelas pessoas locais com atitudes calorosas ou no mínimo curiosidade, em Bali os locais fingiam não os ver, talvez como uma forma de demonstrar que ele e sua mulher eram organismos estranhos que para não atrapalharem a ordem social, deveriam ser ignorados. Talvez em um dia, um mês (ou nunca) os balineses mudariam suas atitudes, e passariam a tratá-los bem, demonstrando até mesmo curiosidade sobre eles, como cita o próprio Geertz na passagem a seguir:
“De alguma forma você conseguiu cruzar uma fronteira de sombra moral ou metafísica, e embora não seja considerado exatamente como um balinês (para isso é preciso ter nascido balinês), você é pelo menos visto como um ser humano em vez de uma nuvem ou um sopro de vento(...) um estágio muito frustrante e enervante, em que se começa até a duvidar se se é verdadeiramente real(...)”
A maneira com que Clifford Geertz e sua mulher foram “aceitos