Classe c
* *Consumo* * 20/10/2010 11:55
A classe C cai na rede
Nos últimos três anos, mais de 45 milhões de brasileiros pertencentes à nova classe média passaram a acessar a internet.
Renata Agostini e Carolina Meyer, de
Todo dia ela faz tudo sempre igual. Moradora de Duque de Caxias, na baixada fluminense, a carioca Simone Reis, de 35 anos, acorda de madrugada com o céu ainda escuro. Às 6 da manhã, está à espera do ônibus que vai levá-la até o pequeno restaurante, onde trabalha como ajudante de cozinha em troca do salário mínimo de 510 reais.
Simone é uma típica representante da nova classe C brasileira. Sua família — formada pelo marido, um vendedor de produtos de limpeza, mais quatro filhos — tem renda mensal de cerca de 3 000 reais. Nos últimos três anos, os Reis financiaram um automóvel de quatro portas, fizeram uma pequena reforma em sua casa, compraram um notebook e passaram a pagar um plano de acesso à banda larga da internet. O contato com o mundo digital transformou a rotina e o modo de vida de Simone.
Hoje, antes de sair de casa acompapara o trabalho, ela checa os e-mails e recados deixados em sua página no Orkut, a rede social mais popular do
Brasil, com mais de 29 milhões de usuários. É pela internet que chegam os pedidos de cosméticos da Natura, da Avon e de lingeries e cremes da marca americana Victoria’s Secret que Simone começou a vender há três meses. Com as vendas online, Simone ganha cerca de 1 000 reais mensais — o correspondente a um terço de sua renda familiar. "Sempre que necessário, mostro os produtos pela webcam e tiro dúvidas pelo serviço de mensagens instantâneas", diz Simone. "Só não vendo a minha família. O resto vai tudo pela internet."
Histórias como a de Simone têm se tornado cada vez mais comuns no enorme contingente que hoje compõe a classe C, uma massa de 95 milhões de brasileiros com renda familiar entre 1 126 e 4 824 reais por mês, segundo critério da Fundação