Clarisse Lopes - NOVOS DESAFIOS PARA A VOZ DO ATOR
Clarisse Lopes
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO
Voz, formação, ator.
Muitos são os desafios que se impõem ao desenvolvimento da voz na formação do ator brasileiro neste século recém-iniciado. Conseqüentemente, algumas modificações das necessidades vocais do ator estão em curso neste momento em que se vislumbra uma mudança de paradigma na inter-relação entre teatro e texto.
A voz falada do ator é seu instrumento de trabalho e, como tal, precisa estar saudável. Ao mesmo tempo, deve também ser veículo de expressão das emoções e do texto teatral. Pode-se dizer que é um prolongamento do corpo, mas sua materialidade é sutil e efêmera. Por mais que tentemos tomar consciência dos processos de emissão, eles não podem ser totalmente controlados no momento da fala.
Dessa forma, o trabalho com a voz falada do ator deve levar em consideração aspectos relativos à saúde vocal, à técnica vocal e à interpretação. O uso inadequado ou excessivo da voz pode provocar danos ao aparelho fonador do ator. Por isso, parece fundamental que quem se proponha a desenvolver os potenciais vocais dos alunos-atores possua um bom conhecimento desses aspectos.
Patrice Pavis tratando da análise da voz do ator, diz que:
A análise da voz impõe um conhecimento aprofundado do aparelho vocal, que compreende: o aparelho respiratório, a laringe, as cavidades de ressonância.
Cada um desses três componentes pode ser objeto de uma descrição fisiológica muito precisa, mas a análise das vozes dos atores se interessa antes pelos efeitos específicos produzidos por cada órgão. (Pavis, 2005: 121)
Pavis aponta para a necessidade do conhecimento do aparelho vocal, mas ressalta que o interesse principal está nos efeitos produzidos por cada órgão. Assim, não basta ao professor de voz que entenda de fisiologia vocal. É essencial que haja um diálogo com as especificidades do teatro.
Tomando como exemplo a relação entre o Teatro Brasileiro