ciência social
O modelo clássico
Na história da teoria e da ciência social ocidental, as mais importantes abordagens desses processos seguiram um quadro de referências estabelecido pela interpretação histórica das revoluções. Os movimentos sociais foram identificados segundo o modelo dos movimentos revolucionários, entendidos como mobilizações de massa que visam apossar-se do poder de um Estado antagônico. De acordo com essa concepção, o objetivo dos revolucionários é substituir uma forma opressora de poder estatal por outra voltada para um fim distinto, mas que se utiliza de meios semelhantes.
O modelo clássico de interpretação dos movimentos sociais é fortemente impregnado de materialismo ontológico e realismo epistemológico, ênfases derivadas da noção de senso comum das raízes práticas da mudança radical que se desenvolveu nos últimos três séculos, e de uma especial inflexão conferida a esse empirismo filosófico pela emergência da sociedade industrial. Os intelectuais responsáveis pela organização e pelo conteúdo ideológico dos movimentos revolucionários geralmente os concebiam de maneira instrumental, isto é, como o meio mais eficiente para alcançar a distribuição radical dos bens. Aceitavam como uma inevitabilidade histórica o fato de que essas lutas dependiam da coerção e da violência. De acordo com Sartre, a Revolução Francesa começou com um ataque violento e sangrento à Bastilha; segundo Trotski, a revolução russa culminou com o assalto ao Palácio de Inverno. O êxito dessas duas insurreições envolveu batalhas campais e, durante os meses e anos posteriores ao triunfo revolucionário, os novos dirigentes recorreram a todos os meios possíveis, inclusive a violência e a repressão, para impedir que os inimigos, os antigos governantes, retomassem o poder.
Deve-se a Alain Touraine a elaboração dessa reconstrução