ciência da filosofia
O título de nossa disciplina sugere uma questão polêmica e que muito nos interessa, a saber, se existem revoluções – sinônimo de grandes rupturas -, ou se a ciência se desenvolve através do acúmulo de conhecimentos, obtidos através da pesquisa realizada ao longo de gerações. Este é o tipo de debate da Filosofia da Ciência, ramo de investigação sobre o qual nos debruçaremos. Questionamentos sobre o que seja a ciência, como esta se desenvolve, se é possível estabelecer critérios para distinguir esta atividade de outras, qual o papel do método empregado na construção de seus enunciados, entre outras, irão aparecer ao longo desta jornada. Salientamos que isso é bastante diferente do que fazem os cientistas em seus laboratórios. Os debates a respeito da natureza da ciência não se iniciam na atualidade. Como podemos ver no pequeno excerto, o assunto está em pauta desde o mito de Prometeu, levado ao palco em Atenas em V a.c.. Prometeu é submetido a terrível sofrimento por ousar despertar na humanidade a curiosidade sobre as coisas do mundo, a capacidade de formular perguntas e buscar insistentemente respostas, de construir e utilizar conhecimento. Não podemos deixar de recordar que, desde sempre, este herói sabe o que lhe aguarda, pois ele conhece o futuro.
Prometeu, acorrentado por Hefesto em rochedos situados nos extremos perdidos do mundo. “Aconteceu certo dia... Roubei a semente do fogo e a escondi dentro do oco de uma árvore. Foi esse fogo que entreguei à espécie humana. O fogo serviu para lhe despertar o espírito. Do fogo tiraram todas as artes e o conhecimento. Era o que Zeus não queria. Queria mantê-los bestiais, analfabetos, grosseiros. [...] Graças a mim, os homens se apegaram à vida. Alguns, pelo conhecimento, até mesmo perderam o medo da morte. E inventaram a dignidade, a liberdade e tantos valores. Compreenderam o que isso significa em relação ao poder absoluto pretendido por Zeus? (ÉSQUILO, 2010, p. 25-28)
Dada esta capacidade