ciume
POR: DANIEL F. GONTIJO
Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões, e fazem com que as suspeitas pareçam verdades" (Miguel Cervantes, 1547-1616).
Na manhã de hoje (10 de outubro de 2011), tirei um tempinho para ler algo a respeito do ciúme. Por sorte, ao lançar o termo no Google Acadêmico, topei com o artigo "Contribuições da Psicologia Evolutiva e da Análise do Comportamento acerca do Ciúme" da analista do comportamento Nazaré Costa. Sorte porque, em primeiro lugar, eu gostaria de conhecer um pouco da leitura analítico-comportamental sobre o tema e, em segundo lugar, porque tenho tido interesse em trabalhos que contemplam atributos filogenéticos do comportamento.(1) Pretendo, com este texto, trazer os principais pontos dessas duas abordagens e esboçar um possível e desejável link entre seus respectivos níveis de análise.
O ciúme
No início do seu trabalho, Costa (2005) comenta sobre o aspecto universal do ciúme: toda sociedade, atual ou remota, é ou foi expressivamente marcada por esse padrão comportamental. Estamos tratando, portanto, de umtraço cultural. Desse fato incorre, entre outras coisas, o grande número de pessoas que procuram ajuda psicoterápica para controlar o ciúme, que pode ser excessivo e danoso, e uma parcela considerável de homicídios (em torno de 20%) que envolvem essa classe comportamental. Mas a diferença e a convergência de explicações para o ciúme entre disciplinas, sobretudo entre a análise do comportamento e a psicologia evolucionista, consistem no problema elementar a ser abordado pela autora.
Analisando uma vasta e diversificada literatura, Costa conclui que o ciúme é geralmente entendido como uma emoção (desprazer [...] apreensão) que é desencadeada por uma situação de ameaça, seja ela real ou não, de perder uma relação ou posição em um relacionamento afetivo, sendo importante ainda destacar que tal