cinema

É muito importante tratar-se da questão das desigualdades sociais na cidade do Rio de Janeiro, porque apesar de não ser uma realidade perto da Portuguesa, com a qual não se tem muito contacto, é algo com que somos confrontados e habituados a assistir, na televisão, nos jornais, no cinema ou mesmo na música e na mensagem que transmite. O contraste a que se assiste é óbvio, a partir do esgotamento da fronteira, pelo elevado índice de crescimento populacional das regiões mais afastadas do centro da cidade, a Zona Oeste. As favelas são uma alternativa à sobrelotação do Rio, uma maneira imediata para os problemas de habitação, no entanto, essas comunidades são postas á parte, muitas vezes sem água e luz, em condições precárias. Por oposição, a Zona Sul, a realidade é bem diferente, onde o nível intelectual é bem mais elevado, bem como as condições estruturais e sanitárias.
O cinema Brasileiro, desde muito cedo, começou a trabalhar estes temas, pois havia uma autoconsciência em relação aos problemas sociais e aos desníveis em relação à divisão de classes, tão fortemente acentuada. Como exemplo, pode-se falar de pelo menos quatro filmes que retratam bem este aspecto, sendo eles Orfeu Negro de Marcel Camus, Rio 40 Graus de Nelson Pereira dos Santos, Como Nascem os Anjos de Murilo Salles e Cidade de Deus de Fernando Meireles. Aquilo de que se tratará neste trabalho pré-ensaísta, é trabalhar estes filmes a partir do pressuposto de que há um desnível social na cidade do Rio, contrapondo estes quatro exemplos como numa ordem cronológica, incluindo as mudanças que foram moldando a cidade até aos dias de hoje. Depois de filmes completamente saudosistas e nacionalistas, como o Descobrimento do Brasil de Humberto Mauro, em 1936, que revelava ao Mundo um povo simpático, receptivo ao catolicismo, numa imagem romântica do encontro de culturas aquando a descoberta das terras de Vera Cruz; chegam ao público, trabalhos menos saudosistas mas não menos nacionalistas, dando uma