Cientificidade da Pedagogia
Albano Estrela in
Pedagogia, Ciência da Educação
Do ponto de vista do método científico, o conhecimento do real constitui a primeira etapa de trabalho. Ora, em minha opinião, a Pedagogia, enquanto Ciência da Educação, só agora se começa a constituir em corpo científico, passando a responder a essa exigência. A partir dos dados recolhidos por observação, começamos a obter os primeiros descritivos caracterizadores de um campo específico, o pedagógico. No plano da experimentação, apenas se dispõe de trabalhos fragmentários que, embora válidos em si mesmos, não constituem um corpo científico devidamente estruturado. Aliás, é natural que assim aconteça, pois uma ciência começa sempre por ser «descrição».
A principal dificuldade reside precisamente na «caracterização» das situações em que temos de exercer a nossa acção, ou seja, a partir das quais haverá que construir o projecto de intervenção. O professor «olha» para a sua classe, mas não a «vê». Não dispõe de instrumentos nem de metodologias de observação que lhe permitam detectar fenómenos de ordem pedagógica. Conhece alguns problemas, mas de forma subjectiva, pois não sabe dar-lhes uma expressão objectiva. Por exemplo, a opinião do formador sobre uma classe (ou um aluno) é tão válida como a de um formando, pois ambas decorrem de interpretações eivadas de um maior ou menor grau de subjectividade.
A necessidade de cientificação tem levado o interventor pedagógico a recorrer a conceitos e a métodos de ciências já constituídas, que poderão ter aplicação no seu campo específico - o da Educação. A Psicologia, a Psicanálise, a Sociologia, a
Psicossociologia, a Economia têm representado as principais ciências de recurso. Normalmente, os seus diagnósticos são seguros, as hipóteses emitidas são fecundas. No entanto, o seu valor para o professor ou para o investigador pedagógico é, quase sempre, diminuto ou mesmo nulo. Constituem análises paralelas à problemática que lhes é