Mito (do grego mythos, "história"). Segundo o Dicionário de Oxford, mito é "um relato totalmente fantástico que geralmente apresenta pessoas, ações e fatos sobrenaturais e que contém algumas idéias populares relativamente aos fenômenos históricos ou naturais". De uma ou de outra forma, o mito aparece em quase todas as culturas conhecidas pela história e pela antropologia: ele se relaciona com a questão das origens cósmicos e humanas, a origem das instituições humanas, a busca da felicidade por parte do homem, o seu êxito ou insucesso nessa busca e o fim do mundo. O seu particular interesse se concentra nas relações da natureza com os homens e com os deuses. Durante muito tempo, os estudiosos pensaram que o mito fosse politeísta por natureza e que uma religião monoteísta devia rejeitar os mitos. Entretanto, estudos recentes levaram alguns estudiosos a pensar que o mito não é religioso nem politeísta por definição, mas muito mais um modelo de pensamento e expressão. A maior parte desses estudos deriva da obra de Ernst Cassirer. Sua concepção pode ser resumida brevemente, embora inadequadamente, com a descrição do mito, assim entendido, como uma expressão simbólica: o mito, a arte, a linguagem e a ciência são "forças, cada qual criando e afirmando o seu próprio mundo" Cassirer). A realidade apresentada pelo mito de forma simbólica é a realidade transcendental desconhecida que se encontra para além da observada e da simples dedução, mas que pode ser reconhecida como existente e operativa: o mito pode apresentá-la na forma de seres divinos ou demoníacos, como um "tu" ao invés de "aquela". A forma mítica é sempre simbólica em relação à realidade, que ela capta obscuramente e somente por meio de intuição. Essa realidade é captada e representada com fatos e não com abstrações, porém, os fatos são representados em forma de história. O fato mítico se dá em escala cósmica: é ação e interação de seres pessoais em escala cósmica, constituindo o modelo e o fundamento dos