Ciencias sociais
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A aplicação prática da circulação extracorpórea inclui uma série de procedimentos repetitivos que podem parecer simples e mecânicos. Não existe, contudo, uma conduta padronizada de perfusão, aplicável a todos os pacientes, independente de suas características próprias, como idade, peso, volemia e hematócrito, estado geral, grau de comprometimento cardiovascular e dos demais sistemas orgânicos, para citar apenas algumas. Ao contrário, os procedimentos são planejados e conduzidos, de acordo com o diagnóstico, as características e as necessidades específicas de cada paciente. A prática da circulação extracorpórea, na realidade, pode ser compreendida como a simulação mecânica de princípios da fisiologia do ser humano, especialmente os princípios relacionados à circulação, respiração e balanços hidro-eletrolítico e ácido-base. A circulação extracorpórea determina uma fisiologia especial para o organismo humano, em virtude das características da bomba propulsora, das relações entre o sangue e o oxigenador durante as trocas gasosas e das relações entre o fluxo arterial e a microcirculação, na nutrição dos tecidos. A comparação dos fenômenos da cir-
culação extracorpórea com os que ocorrem no organismo intacto permite a compreensão da fisiologia do ser humano durante a perfusão e a resposta do organismo à circulação extracorpórea. No presente capítulo e nos capítulos 4 a 7, serão revistos os principais aspectos da fisiologia cardiovascular, respiratória, renal, do sangue, da água e dos eletrolitos. Serão também revistas as suas alterações durante a circulação extracorpórea. A função adequada dos tecidos do organismo depende da qualidade da função celular. Esta, por sua vez, depende de condições ótimas do meio ambiente no qual as células vivem, o líquido extracelular. As condições ótimas do meio ambiente celular incluem as concentrações de materiais nutritivos, hormônios e dejetos do metabolismo, a tensão dos gases respiratórios e a