Ciencias sociais
Prof. Dr. Charles Bonetti
Prof. Dr. Adrian Ribaric
O Mundo das Idéias
O mundo das idéias
Concedo a Gavarni, o poeta das cloroses, Todo o rebanho das belezas de hospital,
Pois nunca vi dentre essas pálidas necroses Uma só flor afim de meu sanguíneo ideal. Charles Baudelaire
Ao contrário do pensamento racional clássico, que compreendia os processos ideológicos como construções abstratas e deformadas do real, alienadoras, os estudos dos fenômenos do imaginário sustentam indissociabilidade entre o real e o ideal.
Um dos temas mais importantes para o pensamento social, que atravessa transversalmente todo o seu espectro disciplinar, é o que diz respeito ao mundo das idéias ou das representações imaginárias que guiam e orientam não apenas o comportamento coletivo, mas agem também como modeladoras das visões de mundo e concepções de realidade dos indivíduos particulares.
O termo ideologia aparece pela primeira vez em 1801, no livro de Destutt de Tracy Eléments d’Idéologie (apud CHAUÍ, 1986), cuja pretensão era a de ser uma ciência da gênese das idéias e a de estudar sua relação com o corpo humano e o meio ambiente. Auguste Comte empregou esse termo em seu Cours de Philosophie Positive tanto como uma atividade filosófico-científica que estuda a formação das idéias a partir da relação entre os homens e o meio ambiente, como o conjunto de idéias de uma época ou como “opinião geral” ou ainda no sentido de elaboração dos pensadores de uma época.
A explosão do imaginário se dá historicamente desde a emergência do gênero humano, como conseqüência da crescente capacidade cognitiva, isto é, sua inteligência, fazendo parte ativa do processo evolutivo da espécie. Segundo alguns autores, é nesse processo que ocorre a organização da cultura: em torno da descoberta da morte, da consciência da mortalidade como destino humano.
Cria-se nesse momento o duplo imaginado
(MORIN, 1979), o espírito ou alma que redime o indivíduo da consciência traumática e que, desde então,