ciencia
Quelen Ingrid Lopes
Mestranda em História
Universidade Federal de Juiz de Fora
O Livro de Henrique Espada Lima -Doutor em História Social pela UNICAMPtraz ao público acadêmico brasileiro uma reconstituição historiográfica da microhistória a partir do conjunto de debates que tiveram lugar na Itália, do pós-guerra à década de 1970. De um universo heterogêneo de debates que vão desde a tensão no campo intelectual e político - circunscrita à Itália - até diversas influências das disciplinas das ciências sociais, bem como da tradição historiográfica francesa dos
Annales, o livro nos reporta à construção das principais premissas da micro-história.
O primeiro impulso em direção às mudanças que se dariam no quadro historiográfico na Itália deu-se com a re-configuração política do pós-guerra com o fim do fascismo. A necessidade de se estabelecer uma cultura italiana em novas bases defrontou-se com um desafio no campo intelectual: a tensão entre intelectuais inspirados no paradigma “ético-político”, e aqueles que partiam da análise marxista da sociedade. Por um lado, uma visão da história da Itália através dos acontecimentos políticos e da influência das idéias de Benedetto Croce sobre o processo histórico, visto como desenvolvimento progressivo do espírito, concebido como sujeito real (...) tornado presente no Estado e em suas instituições (LIMA, 2006: 32); por outro lado, uma visão imbuída da influência marxista que questionando aquela leitura liberal, propunha como sujeito do processo histórico na Itália a classe operária. Essa tensão se concretizava mais no embate filosófico do que na formulação de pressupostos metodológicos diferenciados: a história da Itália, em ambos os lados, continuava a ser lida através da política e das suas instituições, sendo a reflexão crítica da sociedade coadunada ao engajamento político. Tal quadro se complica ainda mais a partir de 1956