ciencia e tecnologia
Por Cristina Caldas
?Você acha que a ciência e a tecnologia trazem muitos riscos, alguns riscos, poucos riscos ou nenhum risco? Este é um exemplo de pergunta presente em pesquisas de percepção pública da ciência e da tecnologia que procuram avaliar se (e o quanto) o público em geral entende a ciência e a tecnologia como fonte de riscos. Embora ainda recentes no Brasil, os avanços de tais pesquisas são animadores. Saber o que a população pensa ajuda, não apenas, a entender como se dá o complexo processo de formação de opiniões e sua relação com a divulgação das informações, mas também na definição de políticas públicas para, por exemplo, incentivar uma maior participação popular, divulgação científica e criação de fóruns de discussão com a sociedade sobre questões polêmicas e com riscos potenciais da ciência e tecnologia.
A primeira enquete brasileira de percepção pública da ciência, realizada em 1987, concluiu em seu relatório: ?São considerados nocivos à humanidade os avanços da ciência e da tecnologia ligados à produção de armamentos, principalmente de armas atômicas? Quando perguntados se? Existe alguma descoberta científica ou tecnológica do século atual que foi nociva ou prejudicial à humanidade? 47% dos 2892 entrevistados responderam que sim e apontaram, em primeiro lugar, os armamentos, seguido de energia atômica, poluição, astronáutica, novas doenças e comportamento. Passados vinte anos, outra pesquisa de âmbito nacional, liderada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (? Percepção pública da ciência e da tecnologia no Brasil?), concluiu que os brasileiros apontam temas ligados ao meio ambiente, redução de emprego, surgimento de novas doenças e produção de alimentos menos saudáveis como malefícios da ciência e da tecnologia.
Com o tempo, novos riscos vão surgindo e, de acordo com Ulrich Beck (leia artigo nesta edição), quanto mais os avanços científicos e tecnológicos penetram na sociedade,