ciencia politica
Montesquieu seria, por um lado, um discípulo dos filósofos clássicos. Enquanto tal, desenvolveu uma teoria dos tipos de governo que, mesmo que difira, da teoria clássica de Aristóteles, se encontra ainda de acordo com o clima e a tradição desses filósofos. Ao mesmo tempo, Montesquieu seria um sociólogo que investiga a influência que o clima, a natureza do solo, o número de homens e a religião podem exercer sobre os diferentes aspectos da vida colectiva.
Antes de nos resignarmos a uma interpretação devemos procurar a ordem interna que Montesquieu, com razão ou sem ela, via no seu próprio pensamento. O problema que aqui se levanta é o da compatibilidade entre a teoria dos tipos de governo e a teoria das causas.
Montesquieu distingue três tipos de governo, a república, a monarquia e o despotismo. Cada um destes tipos é definido por referência a dois conceitos, que o autor chama a natureza e o princípio do governo.
A natureza do governo é o que o faz ser o que é. O princípio do governo é o sentimento que deve animar os homens no interior de um tipo de governo, para que este funcione harmoniosamente (ideologia). Assim, a virtude é o princípio da república. Esse governo só será próspero na medida em que os cidadãos forem virtuosos.
A natureza de cada governo é determinada pelo número dos detentores da soberania, ou seja, do poder. Para o autor o governo republicano é aquele em que o corpo do povo ou apenas uma parte do povo detém a força suprema; o monárquico, aquele em que um só governa, mas por meio de leis fixas e estáveis; ao passo que no despotismo, um só sem lei e sem regra, tudo arrasta segundo a sua vontade e os seus caprichos. (O Espírito das Leis, liv. ti, cap. 1; O. C., t. II, p. 239.) A distinção entre o corpo do povo ou só uma parte do povo, aplicada à república, tem por fim lembrar as duas espécies de governo republicano: a democracia e a aristocracia.
Mas estas definições