Cidade Ideal
Platão distingue três classes:
1 - A classe dos governantes ou magistrados (Apxov'r€ç) cuja alma é racional, de ouro, e que possuindo o conhecimento filosófico supremo (o conhecimento da Ideia de Bem ou do Bem absoluto) serão os competentes governantes de uma Cidade que se quer justa.
2 - A classe dos guardas (militares) a quem compete garantir a segurança e a defesa do Estado. O que os caracteriza é o facto de neles predominar uma alma irascível e de prata que os leva a actuar segundo a coragem.
3 - A classe dos lavradores e artífices (os "artesãos" ou, em temos mais gerais, a "classe trabalhadora". São determinados nas suas acções pelo desejo. Neles predomina a sensualidade, o desejo dos bens materiais. A sua alma é, essencialmente, de bronze. Devem assegurar a subsistência material ou económica da Cidade, podendo, dentro de certos limites, possuir bens próprios ou privados.
O comunismo em Platão abrangia somente os governantes e os guardas do Estado. Platão queria que os dirigentes do Estado pusessem de lado qualquer outro ofício e se votassem total e exclusivamente a manter a liberdade nacional, consagrando ao Estado todos os seus esforços (Rep., 595 c). Deviam principiar pela renúncia à propriedade individual e pelo desprezo das riquezas: não possuírem bens particulares (oüoíov íôío;v) além dos estritamente necessários; não teriam casas nem despensas próprias, cuja entrada não estivesse franqueada aos que nela quises- sem entrar. A manutenção dos guerreiros sóbrios e valorosos estaria ao cuidado dos concidadãos, os quais, em recompensa dos serviços prestados na defesa do Estado, velariam por que nada lhes faltasse ou sobrasse. Teriam as refeições em comum e viveriam juntos como soldados em casernas ou acampamentos.