Cidadania na atualidade
A condição em que se encontra a sociedade brasileira no início do século XXI não pode ser percebida, e nem tampouco aceita, sob uma perspectiva conformista. Ainda que as dificuldades para reagir a ela sejam graves e inúmeras. Torna-se necessário refletir sobre esse fenômeno social brasileiro e extrair as suas conseqüências para o trabalho dos professores.
Atualmente, as possibilidades de mudanças nas condições sociais, políticas, culturais e econômicas que desencadeiam essa realidade e lhe dão sustentação são muito estreitas e limitadas. As iniciativas de contraposição e de transformação dessa situação acabam ficando confinadas ao âmbito privado, individual, específico e subjetivo de cada um de nós. Produz-se, então, a idéia de que essas condições são permanentes e de que as possibilidades de sua superação residem, fundamentalmente, nas relações pessoais, uma vez que tais condições aparentam ser resultado apenas da atuação e de iniciativas individuais.
Nesta perspectiva, o indivíduo-cidadão é colocado na posição de principal responsável pelas agruras e perspectivas futuras do mundo, esperançosas ou não. É necessário contestar vigorosamente essa imagem de harmonização da vida social que se abriga no plano individual, pessoal e particular e que, no limite, nutre a sensação de impotência na transformação da nossa sociedade.
A percepção e a compreensão dessas dificuldades que confinam o indivíduo ao âmbito do privado e que emperram as mudanças sociais, necessárias ao enraizamento da democracia no Brasil, precisam ser buscadas e alcançadas por um pensamento crítico, persistente e rigoroso. Para promover um encontro efetivo com a realidade, afastando ilusões, um caminho fecundo é o exame dos interesses das pessoas, principalmente aqueles mais tangíveis e