CICLO MERCURIO
A toxicidade dos sais inorgânicos de mercúrio é proporcional a sua solubilidade. O calomelano (Hg2Cl2) é um sal pouco solúvel que foi durante muito tempo utilizado como purgativo. Os íons de mercúrio têm a capacidade de formarem complexos muito fortes com os grupos –SH das proteínas (presentes no aminoácido cisteína) e sua toxicidade provavelmente se relaciona com a inativação das proteínas nas membranas celulares. Assim parece, pois os efeitos são particularmente notáveis nos rins e no cérebro, ambos nos quais a função das membranas celulares é muito importante, e também porque muitas bactérias e fungos morrem em contato com compostos de mercúrio. A atividade bactericida não específica tem sido freqüentemente relacionada com danos à membrana celular. Os compostos inorgânicos de mercúrio, remédios, fungicidas, bactericidas etc, foram totalmente substituídos pelos chamados mercuriais orgânicos. É comum pensar nos metais como elementos formadores unicamente de sais (compostos iônicos), mas muitos deles podem formar compostos covalentes. O estanho e o chumbo são bons exemplos, e o mercúrio em particular tem a capacidade de formar ligações covalentes facilmente e em especial com compostos aromáticos. Um bom exemplo é o semesan, muito utilizado como fungicida e praguicida. A vantagem de seu uso está na possibilidade de se controlar sua solubilidade pela inclusão nos substituintes apropriados ao mesmo tempo em que a ligação Hg-benzeno é tão estável que ela forma o íon R-Hg+ , ainda capaz de reagir com grupos –SH e formar derivados do tipo R-Hg-SH-proteína. Compostos insolúveis, como o semesan, têm sido amplamente utilizados para impregnar sementes e protegê-las no solo dos ataques de pragas. O problema é que numerosos acidentes têm ocorrido quando essas sementes foram usadas por pessoas desavisadas na preparação de alimentos. Em 1969, houve um decréscimo acentuado da