Ciclo da cana e do ouro
No Capítulo anterior, mostramos que os padrões de desenvolvimento econômico e institucional no território brasileiro estão intimamente relacionados a um amplo conjunto de características geográficas e climáticas. Observando esses padrões, é possível relacioná-los à diversidade de trajetórias históricas experimentadas pelas regiões do país. O passado colonial parece ter imprimido feições distintas na sociedade brasileira de acordo com as possibilidades que a localização geográfica e os recursos naturais ofereceram à exploração econômica
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da metrópole. Entre 1500 e 1822, o Brasil esteve sob a condição de colônia de Portugal. Durante a maior parte deste período, a intervenção portuguesa, de caráter claramente extrativo, se fez sentir de formas e intensidades diferentes no território do país. O tipo de intervenção variava de acordo com o interesse europeu sobre determinados bens, com o tipo de atividade econômica que a exploração desses bens engendrava e com a viabilidade da atividade e do exercício de um controle efetivo da mesma, dadas as dimensões geográficas do país. Nos primeiros anos da colonização, a principal atividade econômica era a extração de pau-brasil, que era obtido, basicamente, através de escambo com a população nativa. Quando Portugal decidiu colonizar o Brasil efetivamente, criou o sistema de capitanias hereditárias que, apesar de sua duração efêmera, marcou o início de uma exploração mais sistemática da colônia como fonte de extração de renda. Diferentes atividades econômicas, então, começaram a ser promovidas pelos colonos. Na região Nordeste, devido às características climáticas e à proximidade à Europa, as decisões acerca da exploração econômica desse território vinham diretamente da metrópole9 e, durante todo o período colonial, foi uma região cujo
A coroa portuguesa chegou a proibir o cultivo de qualquer gênero diferente