Ilusão ótica
Segundo Ernest Hans Gombrich (1995, pg 216 a 219) “Foi quando a arte saiu da fase de ação pigmaliônica que teve de buscar meios de reforçare a ilusão e de criar aquele reino crepuscular da incredulidade suspensa que os gregos foram os primeiros a explorar. Mas aí, e para sempre, de aí em diante a ilusão podia transformar-se em trapaça apenas quando o contexto da ação provocasse uma expectativa que reforçasse o trabalho manual do artista. A mais famosa história de ilusão na Antiguidade clássica ilustra isso com perfeição: É uma anedota contada por Plínio, sobre como Parrásio enganou Zêuxis, que pintara uvas tão habilmente, que os passarinhos vinham bica-las. Parrásio convidou Zêuxis a visiar seu ateliê para mostrar-lhe um quadro. E quando Zêuxis tentou remover a cortina que escondia a tela descobriu que ela não era real, mas pintada, e teve de reconhecer a vitória do colega, que não só enganara aves irracionais mas um artista. À luz imparcial da razão, a proeza de Parrásio parece menso admirável. Na experiência do pobre Zêuxis, a possiblidade de uma cortina ser pintada era seguramente nula. Um leve jogo de luz em sombra deve ter bastado para fazer com que ele visse a esperada cortina, principalmente porque ele estava pensando na fase seguinte, na pintura que ia descobrir. Os pintores do trompeI”oeil têm se baseado desde então nesse mutuo reforço da ilusão e da expectativa[...]”
“ Onde tais expectativas não podem ser controladas, elas tem de ser criadas. Ouvimos falar de uma tentativa desse tipo na Antiguidade clássica, de transcender a realidade de sonho da pintura. O pintor Theon revelou um dos seus quadros a um soldado fazendo soar trombetas como acompanhamento – e podemos estar certos de que a ilusão foi com isso grandemente aumentada. Aqueles dentre nós que ainda recordam os primeiros filmes falados podem imaginar o efeito desse ardil.
Por mais que os apologistas dos artistas tenham dito, quadros e estátuas não têm voz, e a arte tem de