Cianeto
A toxicidade do íon cianeto (CN–) é conhecida há mais de dois séculos. Este íon inibe a respiração celular atuando sobre as enzimas que contêm ferro (citocromo oxidase e catalase), impedindo que ocorra o consumo de oxigênio1,2. Por ingestão, a dose letal varia de 0,5 a 3,5 mg.kg –1 (cianeto/massa corpórea)1,3 e, por inalação, a concentração crítica desse íon está em torno de 10 µg.L–1 de ar1.
Existem diversas fontes contaminantes deste íon, dentre elas, efluentes das indústrias de poliacrilonitrilas, de síntese de resinas acrílicas, de nitrilas e aldeídos, de processamento de fármacos e de corantes, da extração de ouro e prata a partir dos seus minérios, da galvanoplastia, etc., e do processamento da mandioca (Manihot sculenta Crantz), euforbiácea originária da América do Sul, largamente cultivada no Brasil e considerada o vegetal que apresenta a maior concentração de glicosídeos cianogênicos5.
Desde a metade do século passado4, têm sido propostos e testados centenas de métodos analíticos para a determinação qualitativa e quantitativa de cianeto. Esses métodos envolvem, quase sempre, a destruição de complexos metálicos estáveis com liberação de cianeto de hidrogênio (HCN). -KRUSE e MELLON7 propuseram a decomposição de complexos metálicos de cianeto por aquecimento com ácido fosfórico concentrado, sendo o cianeto de hidrogênio recuperado por destilação8.
O primeiro e principal problema na monitoração de cianetos é a escolha da metodologia analítica adequada. Para esta finalidade, os métodos analíticos podem ser divididos em duas categorias principais: os métodos colorimétricos e os não colorimétricos5. Dentre os métodos não colorimétricos, podem ser citados os métodos voltamétricos, métodos potenciométricos e os polarográficos.
Os métodos voltamétricos permitem a determinação de componentes presentes em uma solução, que podem ser oxidados ou reduzidos eletroquimicamente. Para isto, aplica-se um potencial à amostra, por meio de um eletrodo