Ci ncia Pesquisa Conhecimento 1
Medo à Ciência
A evolução humana é marcada pela evolução da inteligência da espécie. Tal característica marcante conhece três fases mais ou menos consecutivas, diferenciadas pela atitude do homem frente à natureza: a fase do medo, a do misticismo e a da ciência.
Os seres humanos primitivos não conseguiam entender os fenômenos naturais.
Por este motivo, suas reações atinham-se ao medo, por absoluta impotência diante do incompreensível, como as tempestades, os raios, as variações de temperatura. Sem dominar técnicas relevantes para domar a natureza e os perigos desta, este homem era refém do aleatório.
Num segundo momento, o homem passa a tentar explicações para os fenômenos a partir de pensamentos abstratos e associativos, elaborando a magia, as crenças e as superstições. As tempestades podiam ser fruto de uma ira divina; a boa colheita, da benevolência dos mitos. As desgraças ou as fortunas eram explicadas através da troca do humano com o mágico. Embora tais ideias não resultem em aplicações práticas imediatas, elas representam uma evolução na trajetória da inteligência humana, importante, pois o ganho da metáfora (associação simbólica de situações) está na gênese do pensamento especulativo, fundamental para a etapa evolutiva seguinte.
A técnica, a tecnologia, ou seja, a capacidade de aprender a trabalhar com bens naturais, transformando-os em bens manufaturados e úteis, daí em outros bens e serviços elaborados, em degraus de complexidade crescente, não é exclusividade humana. Certas espécies de macacos e outros animais também são capazes de aprender técnicas, fabricando bens úteis, e passá-las a seu grupo social. Porém, apenas o homem, através da ciência metódica, evolução do pensamento mágico, metafórico, para a especulação sistemática, é capaz de produzir tecnologia avançada, aquela que o faz passar de vítima do meio natural a senhor quase onipotente deste. Do medo à magia, à metáfora, à lógica, à ciência. Eis o caminho do animal com maior capacidade