china
O extraordinário crescimento sustentado da economia chinesa por mais de duas décadas é, sem lugar a dúvidas, uma das maiores transformações da economia e da politica internacional. Seu desenvolvimento económico, utilizando como “vantagem comparativa” enormes reservas de mão de obra barata, a converteu num centro, por excelência, da produção manufatureira a nível mundial, sendo considerada como a “oficina do mundo” como se denominava a Inglaterra depois da Revolução Industrial. No ano passado, esses êxitos e o espetacular aumento de suas importações, que cresceram em 40% ao longo do ano, converteram-na em um dos dois motores da recuperação da economia mundial marcando decididamente a emergência da China como um ator a levar em conta no cenário internacional.
Tais resultados deram lugar a todo tipo de especulações e prognósticos sobre o futuro. Os mais otimistas a apontam como a futura potência hegemónica do século XXI baseados em que seu desenvolvimento económico e abundante população, lhe permitiriam repetir uma irrupção tão extraordinária como a dos Estados Unidos a meados do século XIX. Outros arriscam que a China pode se converter no novo “Eldorado” da economia mundial capitalista, abrindo para ela um novo auge expansivo. Nesta nota vamos discutir estas perspectivas demonstrando como o atual “milagre chinês” não contradiz a tese marxista sobre a impossibilidade das economias dependentes transformarem-se em novas potências capitalistas competidoras numa economia mundial dominada pelos grandes países imperialistas e suas transnacionais. Ainda que não se possa descartar a potencialidade da China para atuar como pulmão de uma nova divisão do trabalho da economia mundial, este processo encontra-se ainda em seus estágios iniciais e está submetido a enormes desafios tanto externos como internos que fazem da possibilidade de fortes estalos e convulsões uma alternativa altamente plausível. Em outras palavras, que a complexidade de