Chico Pipira
Os príncipes, por conseguinte, não deveriam ter outro objetivo ou pensamento além da guerra, a organização e disciplina das tropas, nem estudar qualquer outro assunto ; pois esta é a única arte que se espera de quem comanda. Tal é sua importância que não nasceram príncipes, mas torna possível a homens comuns galgar a posição de soberano. Podemos observar que, os príncipes quando se interessam mais pelas armas, perdem seus domínios. E isso causa a principal perda dos Estados, e é a negligencia a arte da guerra: e a maneira de conquista-los é ser nela bem- versado.
De fato, não podemos comparar um homem armado e um homem desarmado. Não é razoável imaginar que o homem armado obedecerá de boa vontade quem não esteja, ou que um senhor desarmado estará seguro entre serviçais armados: porque, havendo de um lado desdém e do outro desconfiança, não será possível que convivam em harmonia. Isso significa que o príncipe que ignora os assuntos militares não será estimado pelos seus soldados, nem poderá ter confiança neles.
De maneira nenhuma os príncipes nunca devem permitir, que seus pensamentos se afastam dos exercícios bélicos; que devem praticar na paz mais ainda que na guerra, e são duas forma uma pela ação da física e pelo estudo.
A fim de exercitar o espírito, o príncipe deve estudar a historia e as ações dos grandes homens.
AS RAZOES PELAS QUAIS OS HOMENS, ESPECIALMENTE OS PRINCIPES, SÃO LOUVADOS OU VITUPERADOS
Deixando assim de lado as coisas imaginários que dizem respeito aos príncipes, e falando das que existem realmente, pode- se observar que todos os homens- especialmente os soberanos, pela sua posição mais elevada- tem a reputação de certas qualidades, que lhes valem elogios ou vitupérios; assim, alguns são tidos como liberais, outros por miseráveis; um é considerado generoso, o outro ávido; um cruel, o outro misericordioso; um, efeminado e pusilânime, e outro bravo e corajoso; lascivo ou casto; fraco ou astuto;