Cheiro do ralo
Filme contemporâneo, retratando um antiquário numa rota livre de desequilíbrio emocional, que rompe noivado, compra e revende quinquilharias sob critérios completamente desajustados e, é apaixonado por uma bunda de uma garçonete. Essa bunda é uma metáfora ligada justamente ao ralo que, por meio de seu cheiro, consome a lucidez de Lourenço. No decorrer do filme o protagonista procura preencher uma lacuna em sua vida, mesmo sem consciência dessa procura. Tenta por meio de o trabalho suprimir o vazio da sua vida, de maneira fria sem remorso. Usa da vulnerabilidade das pessoas que o procuram, e explora a necessidades delas para lucrar. Para Lourenço, tudo se resume a dinheiro (e mesmo assim não há critério sobre o que faz algo valer. Talvez não carregar sentimento algum o objeto, o que é impossível para quem quer vender porque necessita).
Quando a garçonete (de nome impronunciável por conter a mescla de outros três nomes – do pai, da mãe e de um artista de novela) lhe diz que o deixaria ver A BUNDA de graça, o equilíbrio de Lourenço vai para o ralo. Ver, tocar aquela BUNDA, usar aquela mulher que não tem nome e é apenas um objeto reflete a própria solidão de Lourenço.
A essa altura o personagem esta em uma paranoia total entre o cheiro do ralo e seu vazio e sua solidão. Culpa o cheiro do ralo por seu mal estar, fecha o ralo, resolve o problema do cheiro, mas continua com seu vazio e mal agouro. Conclui que não era culpa do cheiro do ralo, mas, a bunda culpada de tudo. Tudo ali está conectado.
Quando compra o “olho” e passa a divulgar que aquele era o olho de seu pai, que não conheceu, morto na Segunda Guerra Mundial. O dinheiro é completamente fútil, mas é a única coisa que dá sentido a existência de Lourenço, já que a todo momento repete que não ama ninguém (talvez seu pai Frankenstein). Não há nada além do dinheiro, do pagar pelo prazer para obter poder.
Extremamente egoísta o psicopata social, procura a garçonete para se desculpar,