Comentário - filme o cheiro do ralo
Felipe Romaneli – Psicologia matutino – Unip
O personagem Lourenço (Selton Mello) é detestável. Seu trabalho consiste em comprar objetos usados de pessoas que geralmente estão desesperadas por dinheiro. Ele não sente pena alguma, e tenta manipular cada um dos seus clientes.
Além da obsessão de comprar objetos, Lourenço tem mais duas: uma fixação no cheiro desagradável do ralo do banheiro do seu escritório, sempre explicando para os clientes que o cheiro não vem dele, e a outra obsessão é pelas nádegas de uma garçonete (Paula Braun) de uma lanchonete em que ele sempre almoça.
Os clientes de Lourenço sempre oferecem sua mercadoria pelo menor preço: uma caixinha de música, uma perna mecânica, um violino, um baralho erótico, um revólver, um olho de vidro.
Lourenço leva uma vida comum, é noivo, janta com a futura esposa, tem uma Veraneio Porém conforme o cheiro desagradável do ralo do banheiro aumenta, cresce também sua sensação de poder e domínio sobre as pessoas que vem lhe vender a sua mercadoria. Para ele tudo é objeto: um olho de vidro e a nádega da garçonete são a mesma coisa.
Lourenço não tem afeto pelas pessoas, num desdém pela sua noiva, rompe o noivado sem nenhum problema. Mesmo ela lhe implorando amor desmancha seu casamento prestes a acontecer com os convites rodando na gráfica.
Assim Lourenço vai comprando objetos e humilhando as pessoas, envolvido pelo cheiro perturbador do ralo de sua loja. Numa demonstração de seu poder, uma moça viciada que, sem ter mais o que vender, aceita ficar nua para que ele se masturbe. Porém numa outra ocasião em que ela volta novamente, a sala é invadida pelas pessoas que ele humilhou, que se revoltam contra ele e o espancam.
Lourenço é incapaz de lidar com afetos e sentimentos, somente relaciona-se com o outro através do dinheiro. Sem saber como pedir para a garçonete ficar nua na sua frente, oferece uma quantia, que é recusada por ela.