O cheiro do ralo
O meu nome não é Johnny, muito menos Selton Mello, o grande, mas atrevo-me a evocar para título deste post o nome do filme de humor negro que levou a prosa do brasileiro Lourenço Mutarelli (vénia: gosto da escrita deste homem) à telona em 2007. Não se sentia o cheiro daquele ralo, em close-up, do escritório do Lourenço (Selton) mas quase que o podíamos imaginar. De alguma forma, já estivemos perto de um ralo assim. Estamos a vê-lo, ali. E ficarmo-nos por imaginar o sni-snif com a sugestão da imagem, neste caso, não é mau de todo.
Pior seria caso os artistas da vanguarda cinematográfica tivessem arranjado uma forma de nos transferir o olor do filme para a sala de cinema. Por isso mesmo, fiquem descansados, o cheiro que se segue não se sente desse lado, estão salvaguardados, mas, advirto: requer algum estômago na dissecação e digestão da escatologia.
A ela: os nossos queridos WC, em viagem. Quem não tem uma história com WC que faça a primeira descarga....Uns segundos. Pausa...
Prosseguimos então perante o silêncio do autoclismo.
Ocorreu-me falar sobre isto depois de uma longa conversa de fim-de-semana sobre cerveja e efeitos diuréticos. Eu sei, há melhores assuntos, mas vá-se lá entender o que se passa na nossa cabeça, once in a while!
Depois, lembrei-me que no dia de São joão, às cinco da matina, apertadinha, um dos únicos cafés abertos em Miragaia, negou-me a entrada triunfal para aliviar a sufocada bexiga. Como fosse a resposta pouco convincente, pelo olhar de gozo da anafada moçoila que se sentava no balcão do bar, proferindo um desleixado discurso com cunhado sotaque à "Puorto", veio reminiscência sobre o assunto:
- "Num pode ir?"
- Porquê?
- Num póde?
- Porquê?
- Tá abariáda!
Várias vezes ouvi este "avariado" em cafés, onde entrei, esporadicamente, para tentar obedecer à fisiologia. A nega inevitável da nossa portugalidade, e claro de um direito que assiste ao dono de deixar entrar quem lhe convier: Só pessoal que está a