Chega De Diversao
FATOR HUMANO
Chega de diversão! E
m plena era da inteligência emocional, das equipes motivadas, da flexibilidade e outras modas de fácil apelo e duvidosa eficácia, uma alemã prega o retorno da disciplina, da austeridade e da aplicação de rígidos valores morais no ambiente organizacional. Defendendo o fim do trabalho em equipe, das jornadas flexíveis e das estruturas sem chefe, a autora Judith Mair causa controvérsia. Este artigo investiga suas idéias e revela, além da polêmica, doses bem-vindas de bom senso e consistência.
MARCELO BREYNE / KROPKI
por Pedro Fernando Bendassolli USP
Uma velha máxima psicanalítica afirma que uma reação forte contra um dado curso de coisas pode revelar, na verdade, um profundo medo de tal estado de coisas.
Pode também revelar uma aceitação radical, só que ao inverso, desse mesmo estado de coisas. Por exemplo, quando gostamos muito de alguém, e, por algum moti-
vo sério, passamos a odiar essa pessoa, tal ódio é, no fundo, uma maneira de enganarmos a nós próprios sobre o fato de que gostamos demais da referida pessoa e de que não admitimos perdê-la. Uma forte negação também pode revelar nossa recusa em aceitar certas condições ou situações.
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FATOR HUMANO: CHEGA DE DIVERSÃO!
tortura, e, portanto, estava vinculado a dor, sofrimento e sacrifício. O termo vem do latim “tripalium”, um antigo instrumento romano de tortura, formado por um tripé de estacas sobre o qual eram supliciadas pessoas ou animais.
À época de Frederick Taylor, esse sentido ainda parecia mantido: o “pai da administração científica” considerava que os trabalhadores deveriam ser adestrados e disciplinados, e seu comportamento rigorosamente controlado. Porém, com o tempo, outros significados foram sendo acrescentados à palavra, e hoje também a vinculamos a prazer, satisfação e realização pessoal.
Uma das quatro teses de Judith Mair é de que o trabalho não é, nem deve ser, fonte de