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(...) A simples existência da moral não significa a presença explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais.
A filosofia moral ou ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes, ao invés de acredita-los algo natural, necessário e inquestionável, como ocorre com a grande maioria de nossos costumes. Pode-se citar como exemplo as religiões que muitas vezes consideram os costumes como algo ordenado pelos deuses e, por isso mesmo, os cristalizam ao longo dos tempos.
Como vimos, a análise do senso moral e da consciência moral, não retoma o sentido de éthos apenas no sentido coletivo, mas retoma também o caráter individual, buscando compreender o caráter de cada pessoa.
1. Racionalismo ético
• Atribui à razão humana o lugar central da existência ética.
• As duas correntes principais são a corrente intelectualista (identifica a razão com inteligência e intelecto) e a corrente voluntarista (a razão identifica-se com vontade).
• Concepção intelectualista: a vida ética ou vida virtuosa depende do conhecimento, pois é somente por ignorância que fazemos o mal e nos deixamos arrastar por impulsos e paixões contrários à virtude e ao bem. A vida ética depende do desenvolvimento da inteligência ou razão, sem a qual a vontade não poderá atuar.
• Concepção voluntarista: a vida ética ou moral depende essencialmente da nossa vontade, porque dela depende nosso agir e porque ela pode querer ou não querer o que a inteligência lhe ordena. Se a vontade for boa, seremos virtuosos; se for má, seremos viciosos. A vida ética depende da qualidade de nossa vontade e da disciplina para forçá-la rumo ao bem. O dever educa a vontade para que se torne reta.
• Consciência, desejo e vontade formam o campo da vida ética: consciência e desejo referem-se às nossas intenções e motivações (dizem respeito à qualidade da atitude