Cesário Verde
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O amor ou, melhor dizendo, o que dele restou, mercê de uma relação amorosa doentia e estéril, é a preocupação central de Cesário Verde nesta primeira fase. Amor degradado, impossível de realizar-se plena e puramente porque exposto às influências perniciosas da Cidade, uma "Babel tão velha e corruptora", que confina, esteriliza e corrompe amantes e amadas.
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Explica-se, pois, que um poema como "Cadências Tristes" se torne importante para a compreensão da problemática amorosa.
A João de Deus
Ó bom João de Deus, ó lírico imortal,
Eu gosto de te ouvir falar timidamente
Num beijo, num olhar, num plácido ideal;
Eu gosto de te ver contemplativo e crente,
Ó pensador suave, ó lírico imortal!
E fico descansada, à noite, quando cismo
Que tentam proscrever a sensibilidade,
E querem denegrir o cândido lirismo;
Porque o teu rosto exprime uma serenidade,
Que vem tranquilizar-me, à noite, quando cismo!
O enleio, a simpatia e toda a comoção
Tu mostras no sorriso ascético e perfeito
E tem o edificante e doce amor cristão,
Num trono de bondade, a iluminar-te o peito,
Que é toda a melodia e toda a comoção!
Poeta da mulher! Atende, escuta, pensa,
Já que és o nosso irmão, já que és o nosso mestre,
Que ela, ou doente sempre ou na convalescença,
É como a flor de estufa em solidão silvestre,
Ao tempo abandonada! Atende, escuta, pensa.
É ó meigo visionário, ó meu devaneador,
O sentimentalismo há-de mudar de fases;
Mas só quando morrer a derradeira flor
É que não hão-de ler-se os versos que tu fazes,
Ó bom João de Deus, ó meu devaneador
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Nele quem fala é uma mulher, à maneira das cantigas de amigo, dirigindo-se a João de Deus - a quem o poema é também dedicado. O veio trovadoresco aí sugerido, o assunto e a quem é dedicado merecem a nossa consideração.
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Ocorre que o amor puro, o "edificante e doce amor cristão", a mulher ideal não