Censo comum
Uma reflexão contemporânea acerca das pressuposições metodológicas da ciência.
Texto de Rubem Alves Filosofia da Ciência Introdução ao jogo e suas regras Capítulo III Em busca da Ordem Segundo Rubem Alves tanto a ciência como o senso comum estão em busca da ordem. Ao sairmos dos domínios da filosofia da ciência e entrar no fascinante mundo do comportamento dos organismos e das pessoas descobrimos que a exigência de ordem se fundamenta na própria necessidade de sobrevivência. Não existe vida sem ordem nem comportamento inteligente sem ela. A exigência da ordem se encontra mesmo nos níveis mais primitivos da vida. A ciência é a função da vida e justifica-se apenas enquanto órgão adequado a nossa sobrevivência. Tudo na vida requer uma ordem que por sua vez é composta de regras. Os indivíduos estão em busca da ordem e todos eles independente de convicções pessoais concordam que a ordem é invisível. O cientista está atrás de algo que não pode ser visto. Na ciência, portanto, modelos não são miniaturas, cópias em escala reduzida. Não conhecemos o original para fazer dele uma réplica. Não existe garantia alguma de que a natureza se comportará como no passado. O passado é aquilo que experimentamos os fatos já conhecidos. Deste passado se extraí apenas a hipótese de que o futuro irá se comportar de maneira semelhante. Em citação de David Hume (Na Inquiry Concerning human Undestanding seção v, parte I) a passagem do passado para o futuro, do particular para o geral, se dá através da estreita e ignorada ponte da fé e da aposta.
Os modelos são a parte conhecida da relação analógica nós os conhecemos não porque sejam cópias de coisas vistas, mas porque são entidades construídas intelectualmente por nós mesmos. Só conhecemos o que construímos mentalmente. O senso comum contém uma série de receitas, instruções sobre coisas a serem feitas e o conhecimento científico também pode