Caso
A campainha toca. Ângela vê pelo vidro da porta um homem com seus 30 anos, vestindo uma camiseta regata, típica de feirinha, uma bermuda meio desbotada, um chinelo de marca bem conhecida. Ela abre. O rapaz está ofegante e suado como se tivesse subido os 6 andares do prédio pelas escadas. Pode-se sentir um cheiro de quem ficou trabalhando o dia todo com tinta, solvente, gasolina ou algo parecido. Começa a explicar seu problema para Ângela que tenta dizer que não é a advogada que ele procura. “Drª. Ana deve chegar em 30 minutos”, ela diz. O fórum estava lotado e Ana Lúcia avisa que deve demorar mais uma hora. Ele espera. Quando a Drª chega, um tanto exaltado, começa a contar o que lhe aconteceu sem nem mesmo sentar: - Drª, eu não sou ladrão não Drª! Eu não ia robar ouro nunca. Ele disse que eu peguei o ouro mas eu não robei Drª – a advogada interrompe observando um quadro com o valor da consulta. Será que ele já viu? - Vamos até o meu escritório e você me conta isso com mais calma. No escritório: - O Sr quer um copo d’água? Acalme-se por favor. Quase gritando o homem continua: - Comprei umas alianças pra minha companheira, que ainda to pagando em 4 vezes. É que a gente não é casado no papel, mas já mora junto faz mais de 10 anos. Ela sempre quis se casar na igreja e no juiz, com festa e tudo, mas eu nunca tive condições de fazer essas coisa. Aí ela tem medo d’eu deixar ela. - Sim, mais por que o senhor veio até aqui? - É que eu comprei uma aliança muito bonita pra dar pra ela. É que se ela me ver de aliança vai saber que eu tenho um compromisso, que não vou deixar ela por qualquer uma na rua. Aí o fio da aliança caiu. Ela tava na garantia, tinha 1 ano