caso de gisele
Gisela tem quase 13 anos. Encaminhada pelo alergista/imunologista, foi à primeira entrevista com sua mãe. Relato de dermatite atópica desde bebê, que apareceu em torno de 1 ano e desde então vem sendo tratada no serviço de Dermatologia com corticóides e anti-histamínicos, além de cremes manipulados e pomadas. Nos últimos 4 anos, com o nascimento do irmão, piorou muito; as melhoras não se sustentam, repetindo-se as crises uma após outra. Consulta a imunologista.
De 11 para 12 anos teve um eczema supostamente alérgico, com prurido intenso, que resultou em nefrite com hipertensão, num quadro grave. A mãe de G. chega a dizer, em sua presença, que “teve medo que ela morresse, de tão horrível que ela ficou”. Até permitiu-lhe ficar um tempo sem ir à escola.
Enquanto sua mãe descrevia o quadro, Gisela permanecia calada, encolhida na cadeira. De repente, pede à mãe que “não chore, como faz toda vez que fala nisso”. De fato, a mãe já estava chorando, e a menina, transtornada, coça-se sem parar. A mãe fala da gestação: com várias ameaças de aborto “e muito medo de perdê-la”. Relata uma cena no banheiro “com todo aquele sangue vermelho em volta, teve medo que o bebê nascesse com algum problema, mas ela nasceu linda, e foi uma pena que até os três meses o marido passou viajando e não pôde ajudar nada”. Mudaram-se durante esse tempo para a casa de uma tia da mãe, que a tinha criado e que se dispôs a ajudá-la na falta do marido. Quando G. tinha 4 meses, sua mãe volta a trabalhar e a desmama de repente. Passa a deixá-la durante todo o dia com uma vizinha que se encarregou da alimentação, mas a mãe pensa que tal pessoa “não soube introduzir de acordo os alimentos, traumatizando a criança”. A partir de 1 ano, a criança passa o dia na creche. Gisela é desenvolvida fisicamente, já entrando na adolescência. Mostra-se simpática. Mas chupa dois dedos até hoje. Diz que “o corpo todo coça, dos pés à cabeça”. Imediatamente sua mãe a interrompe, dizendo “não suportar a