Case Bolo que viajava
Depois de décadas limitando seu crescimento a um raio de 300 quilômetros de São Paulo, a Amor aos Pedaços cria embalagem que faz seus bolos durarem mais e se espalha pelo PaísLÍLIAN CUNHA - O Estado de S.PauloTodo dia centenas de caminhões saem de São Paulo para Belém, no Pará, levando todo tipo de carga. De automóveis a geladeiras, ferramentas a maquinário industrial, tudo passa por esses 2.913 quilômetros de estrada. Tudo mesmo. Até bolos, doces, pavês e outros quitutes. Mas como produtos tão delicados - e perecíveis - resistem aos solavancos dessa viagem?
A rede paulista de docerias Amor aos Pedaços conseguiu encontrar uma resposta para essa pergunta depois de décadas limitando sua expansão a um raio de 300 quilômetros da capital. "O charme de nossos bolos é que eles são artesanais. Não usamos conservantes e muitos dos doces, como o bicho-de-pé, são feitos ainda na panela, com colher de pau", diz Silvana Abramovay Marmonti, sócia e fundadora da rede, junto com Ivani Calarezi. "Mudar isso seria perder nossa essência e deixaríamos de ser a Amor aos Pedaços", diz Silvana.
O obstáculo da distância, diz Filomena Garcia, diretora da consultoria Franchise Store, é um entrave para grande parte das franquias de alimentação. "Um simples pão fica diferente se feito por pessoas diferentes", diz ela. "O consumidor, quando vai a uma franquia, espera encontrar o bolo ou o doce no mesmo padrão que ele já conhece."Na tentativa de expandir sua rede, hoje com 60 lojas, a Amor aos Pedaços já tentou transferir parte da produção para outros Estados. "Estabelecemos que alguns master-franqueados, no Rio e no Paraná, iriam gerenciar, cada um, uma unidade de produção", lembra Silvana. Isso foi há dez anos e não deu certo. "Eles não conseguiam tomar conta da rede e das fábricas ao mesmo tempo. A qualidade ficou comprometida e foi um fiasco."
Apesar do fracasso, a ideia da expansão continuou sendo uma meta para Silvana e Ivani. As duas, então,