CARTAS DA RO A AO PRESIDENTE
OS CAMPONESES ANTE VARGAS E PERÓN
Vanderlei Vazelesk Ribeiro
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e-mail Vazelesk@uol.com.br
Resumo:
Neste texto discute-se o teor das cartas escritas por trabalhadores rurais a Getúlio Vargas e Juan Domingo Perón, nas quais buscavam resolver desde questões cotidianas até situações como o acesso à terra e relações de trabalho. Analisa-se também como os missivistas procuraram apropriar-se do discurso governamental para conquistar seus objetivos. Reflete-se, ainda, sobre o tratamento que as burocracias davam a esta correspondência, avaliando também como a resposta à ela poderia ser mais uma forma de propaganda dos regimes no meio agrário.
Palavras-chave: Trabalhadores rurais - Participação Política – Estado.
Abstract:
The aim of this article is to discuss the letters written by rural workers to Getúlio Vargas and Juan Domingo Perón, through which they sought to sort out situations which went from everyday life’s matters to those concerning the access to land and work relations. It analyses the way the missivists sought to incorporate the government’s discourse in order to fulfill their purposes. Furthermore it considers bureaucracy’s procedures towards the correspondence, evaluating to what extent the answer to those appeals could have worked as state propaganda in rural areas.
Keywords: Rural workers; Political participation; State.
Em 1940, Manuel dos Santos Rosa compareceu à Divisão de Terras e Colonização do Ministério da
Agricultura, na cidade do Rio de Janeiro. Levava consigo documentos exigidos para poder tomar posse de um lote no núcleo colonial de São Bento (Nova Iguaçu) próximo à antiga capital brasileira. Foi informado de que não poderia apossar-se do lote pois tinha apenas um filho menor de idade, apesar de possuir ainda seis maiores. A legislação em vigor dava preferência a quem tivesse pelo menos cinco filhos menores de idade. Manuel escreveu ao Ministro da Agricultura explicando: