CARRANCAS
As carrancas protegiam os barqueiros contra os animais do rio, como o jacaré e o surubim, peixe que chega a atingir 180 cm de comprimento e 70 kg de peso . Além disso, acredita-se que também eram usadas para atrair a curiosidade da gente das fazendas sobre as embarcações e facilitar o comércio.
Quase todas elas apresentam elementos característicos: olhos ressaltados, fortes sobrancelhas arqueadas e longa cabeleira. A cabeça e pescoço são grandes para aproveitar ao máximo o tronco da árvore (geralmente cedro). São pintadas de branco, exceto os cabelos, que são sempre pretos. A boca, olhos, narinas e orelhas apresentam toques vermelhos para realçá-las.
Quando as barcas, movidas a varas e remos, foram abandonadas ou remodeladas para instalação de motores à explosão, as carrancas foram retiradas e jogadas às margens do rio ou procuradas pelos colecionadores.
As carrancas eram indispensáveis nas barcas do São Francisco. Hoje, ao longo do rio, podem ser vistas uma ou outra embarcação popular com carranca à proa.
As primeiras referências às carrancas datam de 1888 em livros de Antônio Alves Câmara e Durval Vieira de Aguiar . As carrancas eram construídas a princípio com um objetivo comercial, pois a população ribeirinha dependia do transporte de mercadorias pelo rio, e os barqueiros utilizavam as carrancas para chamar a atenção para sua embarcação. Em certo momento, a população ribeirinha passou a