Carnaval Carioca: dos bastidores ao desfile
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CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Introdução & A competição festiva. In.: Carnaval carioca: dos bastidores ao desfile. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. Como o termo “bastidores” já exibe uma dica, a autora realiza um estudo sobre o ciclo anual do carnaval carioca – a visibilidade no período do desfile, seu fim na quarta-feira de cinzas e reinício com os preparativos para o próximo ano –, e seu desenvolvimento deste ritual ao longo do século XX. É no desenrolar da preparação, mais uma parte da festa, para além do que é veiculado pela mídia e assistido pela população, que a pesquisa se desenvolve, focada no caráter ritual do desfile. Ele engloba a diversidade sociocultural da própria cidade, as tensões e conflitos entre as camadas sociais, como também a reciprocidade entre elas, através do símbolo que compartilham. Nesse contexto, Cavalcanti contesta a visão romântica que limita o carnaval, uma festa de origem popular, a uma classe e condições fixas e definidas. Baseada no trabalho de campo realizado em 1992, com a Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, aborda o caráter dinâmico do ritual, que mobiliza dinheiro e pessoas de diferentes classes.
Utiliza-se de autores que interpretam o ritual como expressão de características do social, logo, focam no rito, na ação, em oposição ao mito, o plano ideal. Nos termos de sociação de Simmel, resgatados pela autora, no desfile se dão os pares opostos conflito e cooperação, vínculo e aversão, além de valores que também são trocados. A disputa entre as escolas objetiva comunicar-se com o público e, com esse propósito, os elementos artísticos do desfile são renovados, dando a ele uma forma cada vez mais complexa, essa evolução do espetáculo ocorre paralelamente à da própria sociedade carioca ao longo do século. Neste âmbito de rivalidade, há uma relação de interação além do confronto, pois todas compartilham o desejo de se consagrarem campeãs e as regras da competição. Durante